terça-feira, 31 de agosto de 2010

Flores de papel


Auspicioso lugar
um jardim para sonhar
parar
refletir
enfim
um jardim para curtir
ouvir, sentir
assim
embriagada em jasmim
até esqueço de mim
no jardim
de flores
que sabem falar
e eu
faço o papel
de escutar

domingo, 15 de agosto de 2010

Âncora


Quero minha canoa
atada
bem resguardada
em porto seguro
cansei do escuro
cansei de borrasca
não quero desgraça
nem fogo ou fumaça
tampouco alvoroço
ancorei minha vida
estou decidida
barco à deriva
iça ao destroço

Distante


Do amor
palavras e juras
do amor
apenas figuras
brotavam
na imaginação
do amor
que se foi
tanto tempo
do amor
lembranças, rebentos
ficaram marcas
no coração

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Traço


Papel em branco
um traço delineia
eu mesma faço
o caminho
fisgo o compasso
do peito
sigo o lado direito
vou rumando
o que me dita
o coração

Soslaio


Sonho esgueirado
assim de lado
de soslaio
não de cheio
se achega
bem no meu meio
querendo na minha sombra
colar

Avesso



Sentimentos avessados
banidos de estarem presentes
eclodem assim num repente
sem poderem ser controlados
passagens adormecidas
como podem voltar à vida
sentimentos abafados
ressurgem de pronto aguçados

Derradeiro



Descerradas as cortinas
estranha luz adentra
e ofusca
abre os olhos
corre e busca
por quem
lhe tatua a retina

seis cravos são registrados
presentes
o presente do amado
freme as mãos
ante o bilhete
um inocente lembrete:
"não me esperes, já é findado"

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ao léu




Caminhos feitos
de voltas
revoltas
caminhos tortos
mal feitos
sem passos direitos
rumam
prá onde a estrada levar

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Nostalgia

Nesta noite tão bonita
onde visto simples dita
quero despir a vaidade
esquecer tantas saudades
afastar a nostalgia
que eu sinto alguns dias
de uma emoção
de algo que não sei
que deixei
em passada estação



Laís Maria Muller Moreira
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Intempestivo

Intempestivo teu olhar
na poeira se perde
procurando prazeres ocultos
percorrendo caminhos incultos
festivo tu estás

dependurado atrás destes montes
ouves o que dizem vozes tão falantes
aqui tu não estás

imaculado teu traje festeiro
esconde mil ultrajes de dias fagueiros
e é lá que tu estás

rememoras as minhas palavras
a força do diálogo que tu logo entravas
sem elas, tu nunca estás



Laís Maria Muller Moreira
todos os direitos resevaddos

Sensibilidade

Sensibilidade aflorada
quando cruzas a minha estrada
e fazes de conta que não me vês
meu olho só a ti vê

Sensibilidade aflorada
quando me olhas sem dizer nada
e meu olho firme vem cruzar com o teu
fazendo prova que não te esqueceu

Sensibilidade aflorada
quando calada o apelido clamo
quando te sinto em todos os sentidos
e minha chama atinge teu ouvido

Sensibilidade aflorada
quando me segues na minha jornada
dissimulado passas ao meu lado
e meus olhos dizem que ainda são teus

Vagas

Jatos de espuma
se espraiam na areia
a água se eleva
depois vem e quebra
e mole se enleia
assim serpenteia
formando compasso
na frente outro traço
de água a chegar
no mesmo lugar
o som se repete
a tocar sem trompete
nenhuma é a mesma
da espuma a certeza




Laís Maria Muller Moreira
todos os direitos reservados

Paradoxal

Me dei conta
certa feita
que a vida
não é perfeita
nem sempre
floresce meu jardim
só tu
teus olhos
refletem teu brilho
em mim



Lais Maria Muller Moreira
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Vendo Sonhos

Torrentes de sonhos
vividos
vencidos
correntes de sonhos
vivazes
pendentes
a procura do viver
sonhos ceifados
prazeres não encontrados
aguardam o acontecer
sonhos dourados
de amores mil coroados
sonhos multiplicados
esperam a manhã
para nascer



Lais Maria Muller Moreira
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