sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Tempo


Na tarde morna
presença ardida
além do Sol
e eu vencida
trilho em caracol
sem sair
ou voltar
pedindo para o tempo
parar

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Nuvem Cinza


Cantar as mazelas
entoar as procelas
eleger elegias
olvidar alegrias
dar passos em falso
rumo ao cadafalso
gostar da desgraça
que fica e não passa
e vai prosseguir

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Balanço


Tal criança
no balanço
prá lá e prá cá
teu sorriso
me alcança
me faz flutuar
na lembrança
a esperança
me faz suspirar
viver sempre
tal criança
com as pernas no ar

Fantasias


Idealizadas ocasiões
pessoas, situações
leves fantasias
ocorrem à mente
todos os dias
Idealizados amores
explosivos em cores
fantasias paralelas
que quiçá vivamos
ou que sabe
sonhamos com elas

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Flores de papel


Auspicioso lugar
um jardim para sonhar
parar
refletir
enfim
um jardim para curtir
ouvir, sentir
assim
embriagada em jasmim
até esqueço de mim
no jardim
de flores
que sabem falar
e eu
faço o papel
de escutar

domingo, 15 de agosto de 2010

Âncora


Quero minha canoa
atada
bem resguardada
em porto seguro
cansei do escuro
cansei de borrasca
não quero desgraça
nem fogo ou fumaça
tampouco alvoroço
ancorei minha vida
estou decidida
barco à deriva
iça ao destroço

Distante


Do amor
palavras e juras
do amor
apenas figuras
brotavam
na imaginação
do amor
que se foi
tanto tempo
do amor
lembranças, rebentos
ficaram marcas
no coração

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Traço


Papel em branco
um traço delineia
eu mesma faço
o caminho
fisgo o compasso
do peito
sigo o lado direito
vou rumando
o que me dita
o coração

Soslaio


Sonho esgueirado
assim de lado
de soslaio
não de cheio
se achega
bem no meu meio
querendo na minha sombra
colar

Avesso



Sentimentos avessados
banidos de estarem presentes
eclodem assim num repente
sem poderem ser controlados
passagens adormecidas
como podem voltar à vida
sentimentos abafados
ressurgem de pronto aguçados

Derradeiro



Descerradas as cortinas
estranha luz adentra
e ofusca
abre os olhos
corre e busca
por quem
lhe tatua a retina

seis cravos são registrados
presentes
o presente do amado
freme as mãos
ante o bilhete
um inocente lembrete:
"não me esperes, já é findado"

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ao léu




Caminhos feitos
de voltas
revoltas
caminhos tortos
mal feitos
sem passos direitos
rumam
prá onde a estrada levar

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Nostalgia

Nesta noite tão bonita
onde visto simples dita
quero despir a vaidade
esquecer tantas saudades
afastar a nostalgia
que eu sinto alguns dias
de uma emoção
de algo que não sei
que deixei
em passada estação



Laís Maria Muller Moreira
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Intempestivo

Intempestivo teu olhar
na poeira se perde
procurando prazeres ocultos
percorrendo caminhos incultos
festivo tu estás

dependurado atrás destes montes
ouves o que dizem vozes tão falantes
aqui tu não estás

imaculado teu traje festeiro
esconde mil ultrajes de dias fagueiros
e é lá que tu estás

rememoras as minhas palavras
a força do diálogo que tu logo entravas
sem elas, tu nunca estás



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Sensibilidade

Sensibilidade aflorada
quando cruzas a minha estrada
e fazes de conta que não me vês
meu olho só a ti vê

Sensibilidade aflorada
quando me olhas sem dizer nada
e meu olho firme vem cruzar com o teu
fazendo prova que não te esqueceu

Sensibilidade aflorada
quando calada o apelido clamo
quando te sinto em todos os sentidos
e minha chama atinge teu ouvido

Sensibilidade aflorada
quando me segues na minha jornada
dissimulado passas ao meu lado
e meus olhos dizem que ainda são teus

Vagas

Jatos de espuma
se espraiam na areia
a água se eleva
depois vem e quebra
e mole se enleia
assim serpenteia
formando compasso
na frente outro traço
de água a chegar
no mesmo lugar
o som se repete
a tocar sem trompete
nenhuma é a mesma
da espuma a certeza




Laís Maria Muller Moreira
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Paradoxal

Me dei conta
certa feita
que a vida
não é perfeita
nem sempre
floresce meu jardim
só tu
teus olhos
refletem teu brilho
em mim



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Vendo Sonhos

Torrentes de sonhos
vividos
vencidos
correntes de sonhos
vivazes
pendentes
a procura do viver
sonhos ceifados
prazeres não encontrados
aguardam o acontecer
sonhos dourados
de amores mil coroados
sonhos multiplicados
esperam a manhã
para nascer



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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Quisera

Quisera
escrever sempre contente
belos versos, bons repentes
que abrandassem toda a mente
que pudessem alcançar

Quisera
só jogar boa semente
só bom verso consciente
para a terra germinar

Quisera
só de flores ter escala
que bons odores exalam
bons princípios, bom trinar

Quisera
que meu difícil caminho
soubera trinar sozinho
e ser feliz no palmilhar



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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Anônimos

Nos jardins da vida
nos andaimes do tempo
encontramos exemplo
de pessoas felizes
que carregam suas cruzes
como se fossem plumas
sem murmúrio
ou revolta alguma
apenas tomam o trajeto
que leva ao rumo direto
quem com elas se depara
nos atalhos que a vida oferece
delas recebe benesses
apoio e abnegação
raras mas existem
persistem por vielas de afeição
doam amor em maestria
abarcam o mundo
com fecundo coração



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Girassol

Girassóis que povoam os campos
tais raios frenéticos alvoroçados
redondos, risonhos
energéticos rostos
pescoços que se voltam
à todos os lados

Flores em sistema
tão bem definido
possuidoras de antena
que mostra o sentido
do raio solar
para em luz se banhar

Beleza amarela plantada na Terra
sorvendo a beleza de tão alta esfera



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Jardim de Rosas

Num jardim de rosas vivo eu
onde a paz perfumada
adentra a minha morada
trazendo renovação

de cores mil salpicadas
por luzes suavizadas
onde o crispar da brisa
cantiga meiga alisa

meus olhos se enternecem
à beleza que me oferecem
sem nada de volta querer
se todo o receber
é ao seu elo florescer

enriquecida pelos sentidos
sentir, compartir o olfato
olvido o fato
do preterir, do denegrir
se tenho as rosas
a quem mais preferir?



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Bons Ventos

Plácida face
vida asserena
açucena floresce
esvai-se o agreste

carinho, calma, carícia
devoção em alvitre
é a via
que assiste

algazarra em retirada
há belas flores na esplanada
é só andar e colher
amores por receber

as costas ideadas
estão à caminho do vento
que sopra à favor
é um bom tempo de amor

sonhos em matéria
a brisa sopra etérea
afetiva efetivação

novos sopros dete vento
deste verbo
que assola
o então



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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Clássico

Plácido luar
tanto céu trafega
da longínqua lua
prá chegar na Terra

Clássico luar
seduz meu verbo
aduz o acerbo
em forma de luz

Flácido luar
vem e me esparrama
pensa que me engana
com sabor de céu



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